Apresentação
Neste oitavo ano de publicação da Revista HELB, pioneira em sua categoria no País, mais uma vez abrimos o leque temático histórico do ensino de línguas para interpretar fatos, personagens, medidas oficiais e períodos que marcaram a história do ensino de línguas no Brasil. A Revista traz neste número oito artigos e uma resenha histórica visando contribuir para o entendimento fecundo da área de Ensino de Línguas mergulhando na sua história vivida no Brasil desde o Descobrimento até nossos dias.
Para a capa, a imagem escolhida retrata a imigração alemã, fazendo lembrar a língua trazida por tantos imigrantes às regiões Sul, Sudeste e Nordeste do País. Esta imagem remete, indiretamente, a todos os imigrantes de diferentes nacionalidades que influenciaram e influenciam sobremaneira o cenário nacional das línguas. Nesta edição, a Revista HELB traz dois artigos sobre o ensino do alemão no Brasil e reconhece sua importância no cenário brasileiro.
O primeiro texto, dos autores Dörthe Uphoff, Elaine Rodrigues Reis Lobato e Marcos Fernandes Safra, traça as linhas gerais do desenvolvimento histórico do ensino de alemão no âmbito do curso de Letras/Alemão da Universidade de São Paulo desde seu início em 1940 até os dias de hoje.
Em seguida, os autores Luiz Eduardo Oliveira e Kate Constantino Oliveira apresentam um breve histórico da implantação da Língua Francesa como matéria de ensino desde a vinda da família real, em 1808, até a fundação do Colégio de Pedro II. Neste período, o ensino das línguas estrangeiras, com destaque para a língua francesa, era a única via de acesso ao moderno conhecimento científico produzido na época. Nesse contexto, Portugal promoveu uma reformulação de suas leis, inaugurando o que o povo luso-brasileiro viveu do fenômeno cultural conhecido por Iluminismo.
No texto seguinte, André Santana Machado aponta algumas implicações da Reforma Francisco Campos sobre o ensino de línguas nos dias atuais, partindo de uma contextualização histórica da Reforma para uma análise do Decreto 20.833, de 21 de dezembro de 1931. Em seguida, o autor propõe algumas reflexões sobre o que a Reforma representou para o ensino de línguas de então e os possíveis reflexos da Reforma no ensino de línguas contemporâneo.
Como quarto texto, Darto Vicente da Silva traz uma breve discussão em torno da substituição da língua geral falada na colônia pelaLíngua Portuguesa e sua gramática acoplada às culturalmente prestigiosas aulas de latim. Nessa direção, o autor descreve que a descaracterização da língua geral na sociedade colonial da época e as ações pelo Português foram imantadas, entre outros fatores, pela concepção iluminista presente na legislação pombalina.
Na sequência, Bernd Renner apresenta um breve histórico da inserção da língua alemã no Brasil e da importância do Instituto Goethe para o desenvolvimento desta língua no país, envolvendo um breve histórico sobre o Instituto, suas iniciativas e atividades principais no Brasil. Atualmente, a demanda por esta língua é crescente e é considerada como chave para o sucesso profissional e acadêmico.
O sexto artigo, de Renata Mourão Guimarães, evidencia a consolidação do ensino de línguas para fins específicos (ELFE) no mundo, logo após a segunda guerra mundial; e no Brasil, no final da década de 1970, ressaltando as demandas que estimularam a implantação e o desenvolvimento deste seguimento e seu percurso histórico.
Em seguida, Francisco Tomé de Castro relata, em linhas gerais, a história do Instituto de Cultura Uruguaio-Brasileiro (ICUB) desde a sua fundação em 1940 até 2013. A partir da metodologia da história oral, o autor apresenta uma entrevista feita em Montevidéu (Uruguai) em maio de 2013 com o diretores pedagógicos do ICUB, o mais antigo centro de PLE fundado pelo governo brasileiro no exterior.
Vanessa Cristina da Silva, autora do oitavo artigo da nossa Revista, apresenta uma visão sintética dos principais fatos históricos ocorridos na Europa e no Brasil no que se refere ao ensino de línguas no período de 1500 a 1930, bem como as ideias europeias que influenciaram diacronicamente o ensino das línguas no contexto brasileiro. A autora faz uma periodização paralela entre Brasil e Europa visando incentivar o professor de línguas a uma tomada de consciência que permita uma reflexão sobre a sua própria prática.
Para fechar o volume, Verónica Andrea González nos brinda uma resenha histórica do livro “Linguística Aplicada ao Ensino de Inglês“, um momento histórico de suporte científico ao ensino de línguas no Brasil, de Francisco Gomes de Matos, publicado em São Paulo no ano de 1976, pela Editora McGraw-Hill.